Soneto para Domingas Lobo dos Santos
SONETO PARA DOMINGAS LOBO DOS SANTOS
Esta casa que vês triste e sombria,
Sequer parece o que já foi outrora,
Rica de risos, rica de alegria,
A mesma onde morou gentil senhora!
Esta casa, porém, que vejo agora,
Guarda parentes, lembra a simpatia,
De uma grande mulher que foi embora,
Para morar mais perto de Maria!
Quem foi esta mulher, hoje no além,
De dura lida e muito verdadeira,
Que viveu rindo, só fazendo o bem?
Foi simplesmente como os passarinhos,
Fez tanto bem e ainda foi parteira
E deve hoje alegrar outros caminhos!
(Uma singela e sincera homenagem a esta ilustre e grande mulher, nascida em Buritis (MG), no dia 13 de fevereiro de 1921 e falecida na mesma cidade, no dia 9 de outubro de 2019, perto de completar cem anos. Segundo relato de seus conterrâneos, Domingas Lobo realizou centenas de partos nos idos e difíceis tempos de Buritis, sem médico e longe dos centros mais desenvolvidos. Incrível a história de vida desta mulher de luta e de Deus, admirada e querida por todos. Sozinha e com o fruto do seu trabalho braçal conseguir criar e educar os dez filhos que gerou e, ajudou a criar e educar mais oito, entre netos e bisnetos. Nem a cegueira de que foi vítima aos 84 anos, foi capaz de lhe roubar o entusiasmo e a alegria de viver. Andava sempre rindo, cantando e contando causos, talvez para afugentar as dores da alma.)