CANCRO DURO

CANCRO DURO

Era coisa de nada... Apareceu

Sem que me desse conta d'onde ou quando!

Aos poucos foi ardendo e avermelhando

Até que d'uma pústula escorreu...

Escondia ainda a dor como algo meu,

Ao perceber de Vênus mal nefando...

Mas logo aquilo foi m'espezinhando

A ponto de ficar maior do qu'eu!

Foram médicos, remédios e vergonha...

Pois, como em meio ao gozo tal peçonha

E tanta dor de tão pouco prazer?

Guardei-me dos juízes de costumes

Para me curar entre sós queixumes

E nunca mais em risco m'envolver...

Belo Horizonte- 06 11 2019