Soneto Pessimista
A tarde passa no cimento duro,
aves sobrevoam a ilha concreta,
onde anjos sem lei constroem o futuro,
sem saber que a obra em si decreta
o fim de tudo num horizonte escuro.
Enquanto isso, a obra do poeta
sucumbe ante o dinheiro, o PIB, o juro,
e o homem morre pobre ante à indiscreta
opulência de uma nação à míngua
de valores, sem saber a própria língua
que usa para revelar o mal,
e o Tempo vai forjando construções,
enquanto o Belo morre em digressões,
num paraíso estúpido e infernal.
Vagner Rossi