Soneto Pessimista

A tarde passa no cimento duro,

aves sobrevoam a ilha concreta,

onde anjos sem lei constroem o futuro,

sem saber que a obra em si decreta

o fim de tudo num horizonte escuro.

Enquanto isso, a obra do poeta

sucumbe ante o dinheiro, o PIB, o juro,

e o homem morre pobre ante à indiscreta

opulência de uma nação à míngua

de valores, sem saber a própria língua

que usa para revelar o mal,

e o Tempo vai forjando construções,

enquanto o Belo morre em digressões,

num paraíso estúpido e infernal.

Vagner Rossi

Sarauvirtual
Enviado por Sarauvirtual em 30/10/2019
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