Soneto Viajante
Sou eu que sigo na noite inencontrável,
Que parto de distantes e ermos portos
Feito um barco num mar inavegável,
Seguindo a direção de sonhos mortos.
Sou eu que vou de encontro ao inevitável
Sob a opacidade de astros absortos
Na treva, peregrino miserável,
Lendo Rimbaud e seus insights tortos.
Sou eu que chego e sou eu que parto,
Que realizo a universal passagem,
Já deste mundo totalmente farto.
Sou eu, ser incorporado à paisagem,
Que passo e faço nascer, como um parto,
A luz de mil viagens na Viagem.