Choupanas...


Nas minúsculas choupanas, cobertas com folhas secas de carnaúba

Um menino na pequena porta, levanta seus bracinhos ao alto e abana

Ao longe observo, retribuindo o gesto carinhoso que vem da choupana

Um conjunto de camadas sobrepostas que se entrelaça e se avoluma.



Uma onda revolta, invade e alaga seu abrigo, ele corre para a janelinha

Balança uma flanela branca, grita sorridente: eu estou aqui esperando!

Saio na disparada em longas passadas, resgato seu corpinho fragilizado

Afugento os temores num abraço fraterno, acalmando-o, nas entrelinhas.



Nas bifurcações da vida, marés altas amedrontam, entramos em pânico

Pode ser numa choupana frágil, ou num palácio fortemente estruturado

A natureza é sábia, cobra, avança e adentra, deixam marcas, machucam.



Somos sensíveis e com as peles frágeis, corroborados ao poder satânico

Intrinsecamente, sepultamos os nobres perfumes das rosas, machucados

Ondas momentâneas invadem os nossos seres e as choupanas se avultam...



Texto e imagem: Miriam Carmignan