VIDA VÃ
Vale meus cobres, linda cortesã,
O preço de minha alma condenada,
Quem sabe um breve riso de satã
Do inferno em prazerosa madrugada.
Tanta beleza, dádiva pagã,
Imagem de desejo condensada
Em carne e cheiro livres, vida vã
Ao gozo de outrem sempre dedicada .
Sei que és minha como doutro alguém
Que queira desfazer-se do que tem
Em nome do prazer, e da luxúria
No seu corpo em danoso proceder,
Hei de meu fim no seio da penúria,
Um dia alegre, pleno perecer.