PROCISSÃO
A avenida se estende langorosa
à sombra das eternas moradias,
que teremos por lar chegado o dia,
que Ela venha até nós ter sua prosa.
A tarde, insensível e majestosa,
pintando o céu nos tons da rebeldia,
tem por angustiante companhia,
lamúrias e conversas pesarosas.
O tráfego evolui em ritmo lento,
como se nunca chegar fosse o intento,
rotina nessa tumular cidade.
Inerte, comandando a procissão,
refém de irrevogável solidão,
o homem morto receia a eternidade.
*em interação ao soneto ATRÁS DO SOL de Poeta Carioca.