AMOR EM CADEIA
Joguei meu coração aos cães vadios
Por não mais suportar a dor, o peso...
E saíram sanguíneos, arredios
Matando a fome em pulso e desprezo.
Um tombou duro, tinha olhos vazios,
Outro se retorceu triste indefeso
De meus enganos, medos, calafrios,
Do fardo de ilusões e menosprezo.
Incauto um urubu vendo a canina
Carcaça, achou na fome botar fim,
Não voltou a voar... em carnificina
Roeram-lhe mil vermes num motim,
Também mortos da mesma toxina
Que envenenou a vida que há mim.