SONETO DE ABANDONO
SONETO DE ABANDONO
BETO MACHADO
Vejo-me abandonado
Na estrada da saudade.
Até o meu destino
Largou-me ao léu.
Procuro um ombro amigo
Que me abrande as lágrimas
Que arrastam meu viver
Por sob um turvo céu.
E a vida vai, assim varrendo
As ilusões todas que tenho,
Indiferente aos gritos do meu coração.
E a esperança, agonizante, vendo
Quão duro é o lenho
Atirado em si, deixar-me-á de mão.