SONETO VAMPIRESCO

Chegavas de estar só no vão das horas

E amar trincava uns mármores sombrios

De teus silêncios -- vinhas de demoras

E de adiamentos, plena nos teus brios.

Quem eras, mesmo, à margem das partidas

E pasmo de afeições arrependidas?

Trazias em sotaque indescritível

Um século de eflúvios e palores

Sem chão no tempo vil -- algo intangível

Calava o que talvez nem fossem dores.

E assim, tão sempre a mesma em teu mistério,

Sorrias da loucura em meu convite

De maldito -- esse brinde ao quanto é sério

Querê-la se esse acaso assim permite.

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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 18/10/2019
Código do texto: T6773075
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