SONETO VAMPIRESCO
Chegavas de estar só no vão das horas
E amar trincava uns mármores sombrios
De teus silêncios -- vinhas de demoras
E de adiamentos, plena nos teus brios.
Quem eras, mesmo, à margem das partidas
E pasmo de afeições arrependidas?
Trazias em sotaque indescritível
Um século de eflúvios e palores
Sem chão no tempo vil -- algo intangível
Calava o que talvez nem fossem dores.
E assim, tão sempre a mesma em teu mistério,
Sorrias da loucura em meu convite
De maldito -- esse brinde ao quanto é sério
Querê-la se esse acaso assim permite.
.