SABIÁS
Minhas janelas dão para uma floresta
pequena, plantada aqui neste pedaço
de cerrado que se fez cidade. Festa
para passarinhos, que olham quando passo.
João-de-barro aqui sempre tem. Novembro é
mês de sabiá. Sol ainda escondido,
eles entoam seu canto-conversa até
mais tarde: função que deve ter sentido.
O que conversam? Por que tanto alvoroço?
Não faço ideia, mas o canto estridente
pode-se ouvir até na hora do almoço.
Na grande floresta agradaria a Tupã.
Aqui, eu aproveito, o deus está ausente:
tenho sabiás que tecem cada manhã.