SABIÁS

Minhas janelas dão para uma floresta

pequena, plantada aqui neste pedaço

de cerrado que se fez cidade. Festa

para passarinhos, que olham quando passo.

João-de-barro aqui sempre tem. Novembro é

mês de sabiá. Sol ainda escondido,

eles entoam seu canto-conversa até

mais tarde: função que deve ter sentido.

O que conversam? Por que tanto alvoroço?

Não faço ideia, mas o canto estridente

pode-se ouvir até na hora do almoço.

Na grande floresta agradaria a Tupã.

Aqui, eu aproveito, o deus está ausente:

tenho sabiás que tecem cada manhã.

Silva Edimar
Enviado por Silva Edimar em 17/10/2019
Código do texto: T6771901
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