Soneto Simbolista (da Escola de Simbolismo Cruz e Souza S/A)
A lua arde no céu como uma esmola,
esfarinha luz sobre o mundo perdido,
e em todo canto há um anjo que se imola
e um relógio velando o tempo ido.
A solidão a alma nua amola,
há mortos em um quadro enegrecido.
O necrológio anuncia o ocorrido:
morreu o Amor - chora uma viola.
A lua rubra no horizonte agoniza,
no mundo há muita treva e confusão.
A alma, sem abrigo e indecisa,
vacila entre a folia e a oração,
sob uma fria e sussurante brisa,
que lambe o corpo caído no chão.