Soneto Desencontrado

É uma multidão desencontrada

pelas ruas, pelos parques, pelas praças,

a identidade perdida das massas

gravitando em torno do Nada.

É o grito dos ébrios na madrugada,

sorvendo quentes doses de cachaças,

entre mulheres, copos e fumaças,

tentando se encontrar na mesa errada.

É tudo um desencontro na geral,

caras-metades se dizendo não,

estranhos formando um bizarro casal.

É tipo um cara que, na solidão

do seu apê, acorda, e num ato irreal,

se dá bom-dia e aperta a própria mão.

Sarauvirtual
Enviado por Sarauvirtual em 12/10/2019
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