Soneto Desencontrado
É uma multidão desencontrada
pelas ruas, pelos parques, pelas praças,
a identidade perdida das massas
gravitando em torno do Nada.
É o grito dos ébrios na madrugada,
sorvendo quentes doses de cachaças,
entre mulheres, copos e fumaças,
tentando se encontrar na mesa errada.
É tudo um desencontro na geral,
caras-metades se dizendo não,
estranhos formando um bizarro casal.
É tipo um cara que, na solidão
do seu apê, acorda, e num ato irreal,
se dá bom-dia e aperta a própria mão.