SONETO BURRO
A providência, Deus, a providência!
Nem mesmo Satanás questiona o fato --
"Angelis suis mandabit...", com tato
Tentando até o Senhor, não sem ciência.
Aqui, nesse em redor de vil demência,
No entanto, nem Mefisto faz contrato,
Burrice grassa e abunda em caricato
Pastelão de razões por conveniência.
Ao louco o "Não há Deus" vem facilmente
E o orgulho da ignorância é mal sem cura,
É a baba grossa à boca do demente.
Discernimento adia a sepultura?
Talvez, mas logo vamos, toda a gente,
Néscios ou não, à noite mais escura.
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