SONETO ESTÚPIDO
Tropeçará nos próprios calcanhares,
Seu número infeliz trazendo o passo
Infausto à luz -- aplaudirão o fracasso
De salto iconoclasta, avesso a altares.
Há fins piores, claro, há mais azares
Além de ser vazia -- um certo traço
De ausência em dor ali onde tempo e espaço
Vão insinuando enredos peculiares.
Se tenta compensar ser tão lunática
Bastando para tanto, diz, ser "cética",
Nem tudo está perdido...e é tão simpática...
Aplauso e pena à criança profética!
Pois se a razão jaz, rude mas apática,
A estupidez é cândida e patética.
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