Fortuna e poesia (Ou “Por que sou poeta”)
“Some rhyme a neebor’s name to lash;
Some rhyme (vain thought!) for needfu’ cash;
Some rhyme to court the countra clash
An’ raise a din;
For me, an aim I never fash;
I rhyme for fun.”
(ROBERT BURNS)
Grita-me nos ouvidos o mundo inteiro:
“Por que és poeta, pobre amalucado?
Tão moço andando assim roto, esfaimado,
Porque em seus bolsos não tem nenhum dinheiro!
Já provou a História teu fado certeiro:
Se te safares de jovem ser sepultado,
Num manicômio acabarás abandonado!
Deves procurar um emprego verdadeiro!”
E admito: todos eles têm razão!
Mas por mais que fortuna venha a me faltar,
Tenho repleto de amor o coração.
E assim, enquanto eu for capaz de amar,
Gratuitamente canto-lhes minha canção
Sem que nada ou ninguém possa me silenciar.