Soneto Andante

Estou cego, mas amplio minha visão,

Estou surdo, mas ouço o próprio silêncio.

Minha carne pesa menos do que um grão,

Minha alma traz em si um abismo pênsil.

Sou um bandoleiro ébrio na amplidão,

tangendo um alaúde que me vence, o

poente se abre em rubra extrema-unção,

e, se o Eterno é um dado bruto, pense-o!

Sou uma criança lunar cheia de ardor,

reminiscências, e a luz do porvir

banha meus passos de eterno viajor.

E eu caminho sonhando, a sorrir,

e se sorrio não sei se é por dor,

ou por saber nos meus passos florir.

Vagner Rossi

Sarauvirtual
Enviado por Sarauvirtual em 25/09/2019
Código do texto: T6753844
Classificação de conteúdo: seguro