A PULSO

A PULSO

A veia que me salta sob a pele,

Ainda que saliente, mal se nota.

Em minutos ao corpo ávida esgota

Até que todo exangue se revele.

Essa dor desmedida que me impele

A verter minha vida, gota a gota,

Costuma acompanhar-me na derrota

Ou assim que o tédio me interpele.

Penso que devesse simplesmente

Eu desparecer; deixar de ser,

No fio da navalha à minha frente.

A pulso -- como ovelha conduzido --

Todo o mal que há em mim deixar verter

No sangue para o Nada oferecido.

Betim - 21 09 2019