SONETO QUE LADRA

Focinho algo confuso, embora altivo,

Em suspeitas e ofensa a mais hilária --

Será a coleira deixando agressivo

O vira-latas? Oh, razão precária!

Se o mal do cão não vem sem ter motivo,

O desse vil sarnento é só ser pária.

Há punição bastante em nascer vivo

Sem pedigree, de estrela tão contrária.

Uivar, então? Vá lá, quem sabe em versos...

E a deixa é tão só queixa até com regras

Arbitradas e tal, por uns perversos.

A musa estranha, um pouco, a polidez

Vazia e o mofo...Enfim, são horas negras?

Ergue a patinha e rega seus ipês...

.

Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 20/09/2019
Código do texto: T6749570
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.