SONETO QUE LADRA
Focinho algo confuso, embora altivo,
Em suspeitas e ofensa a mais hilária --
Será a coleira deixando agressivo
O vira-latas? Oh, razão precária!
Se o mal do cão não vem sem ter motivo,
O desse vil sarnento é só ser pária.
Há punição bastante em nascer vivo
Sem pedigree, de estrela tão contrária.
Uivar, então? Vá lá, quem sabe em versos...
E a deixa é tão só queixa até com regras
Arbitradas e tal, por uns perversos.
A musa estranha, um pouco, a polidez
Vazia e o mofo...Enfim, são horas negras?
Ergue a patinha e rega seus ipês...
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