COFRE
No cofre abarrotado da ganância,
pessoas trancam vidas e vazios,
cultuam densidade e rutilância
de coisas que acicatam desvarios.
Isolam-se num cosmo privativo
de glórias e vantagens pessoais,
espremem seu instinto primitivo
de se agregar, juntar-se a seus iguais.
Não reconhecem bem maior no mundo
que o cofre inesgotável, de tão fundo,
a resguardar coroa escravizante.
E tudo fazem por algum retorno
(embuste, usurpação, traição, suborno)
que atulhe com dinheiro a vista adiante.