Soneto do Descrente, Amém
Dê-me outra pele querido Deus
Faça-me do barro que cerca a lucidez
Talvez assim eu me torne um dos seus
Sem medo, sem dores, sem minha acidez
Dê-me outros sonhos para sonhar
Uma volta no pêndulo da verdade
Ou me faça logo de cara acordar
Sem olheiras, cabelo ralo, cicatrizes e vaidade
Mas se eu peço é como um perdedor
Sempre achei bonito o que era pra ser feio
E isso anulava a minha dor
Antes da felicidade vem a contradição
De joelhos dobrados, fico no aguardo
Esperando ansiosamente pelo seu NÃO
(Guilherme Henrique)