A leveza do ser e da folha
A leveza do ser na folha que cai...
E piedoso, o vento de outono que se esvai a impulsiona, a eleva pela última vez de forma lene, em blenorrágica embriaguez ao sopro e sons de violinos errantes, na partitura
incompleta da vida.
Apenas raia, agora, raro momento passante, fruto do tempo, sem destino, desatino de qualquer hora.
Acorde solto, leve e louco, réquiem para um sonho esquecido no ir e voltar.
Espécie de cantiga de luar, que ao vibrar na falsa calmaria do mar, traz a paz de uma florada adormecida em uma aria na corda de Sol de Bach!!!!
Ah, pobre indefesa folha agônica que ainda se debate e perde intensidade perto da partida.
Insustentável leveza do ser a vê-la insustentável fenecer.
A própria leveza do ser na folha que também se esvai.
E agora impiedoso, o vento de outono a arremessa ao chão, não mais a impulsiona, não mais a eleva, não mais a preserva no derradeiro sopro esquálido da vida.
Anderson França--Direitos Reservados- Luzes Celestiais.