JUNCAL

JUNCAL

Lá nos baixios onde nasce o rio

Através das raízes a água mina

E verte por sob a ponte, cristalina,

Em lagrimal ligeiro ao serro frio.

Estendem-se em verdura e desvario

Os juncos alagados na retina

A ignorar a que bem que se destina

Tanta beleza em sítio tão sombrio...

Miro, remiro e admiro: Luz brejeira!

E, longe, o sol se põe de tal maneira,

Que mal se pode crer senão em Deus.

Cada junco se inclina em reverência

Enquanto o vento leva sem violência

Um ângelus de paz dos lábios meus.

Betim - 29 08 2019