SONETO À MADRUGADA

Uma noite que se perde na madrugada,

Um luar que prateia suave essa paz,

Um casal que ainda se enamora num portão,

Um poste que sustenta uma lâmpada de gás!

Um vento que ruge perdido, chicoteante,

Um ébrio que cantarola desvairado,

Uma canção que morre na voz embriagada,

Um trocar de passos que se reveza desorientado!

Uma estrela d’alva que aponta, orientando,

Um brilho mais intenso que fere o olhar,

Um silêncio que apavora e arrepia na solidão!

Um corpo que se estende por sobre o colchão,

Um sono desejado que chega devagar,

Num sonho que surge, mas logo vai-se dissolvendo...