VERSOS ARDENTES
(Feito em interação ao poema VORAGEM DO INSTINTO,
do Poeta fcunha lima)
Alguns versos, de ler o médico me impede,
No propósito de adiar minha partida,
Pois que aumentam o ritmo da batida,
Agindo assim mais alguns dias me concede.
O poeta disso não sabe, ou adrede,
Nas labaredas de uma paixão incontida,
Descreve os sabores duma língua atrevida,
E os suores e humores que o ato precedem.
Não devia ter lido, estes versos tão fortes,
Parecem com um filme, daqueles sem cortes,
Proibidos de estar na sessão da tarde.
É possível que a medicina esteja errada,
Que as tais emoções não me provoquem nada,
E até me distanciem de dona Morte.
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Para maior comodidade, transcrevo o poema supracitado.
Voragem do Instinto
Do lábio o beijo cai num labirinto,
E se perde entre a língua e o céu da boca,
Depressa então a alma fica louca,
Perdida na voragem do instinto.
Toda a saliva vira absinto,
A voz quase calada fica rouca,
A língua muito mais se faz amouca,
Cada qual do seu jeito indistinto.
Perdida a boca, agora vem o corpo,
Que se contorce meio fito louco,
Na ânsia de buscar nova paixão.
Então nos calafrios e tremores,
Pelos suores quentes dos humores,
Dois corpos juntos numa convulsão.
Fernando cunha lima