VERSOS ARDENTES

(Feito em interação ao poema VORAGEM DO INSTINTO,

do Poeta fcunha lima)

Alguns versos, de ler o médico me impede,

No propósito de adiar minha partida,

Pois que aumentam o ritmo da batida,

Agindo assim mais alguns dias me concede.

O poeta disso não sabe, ou adrede,

Nas labaredas de uma paixão incontida,

Descreve os sabores duma língua atrevida,

E os suores e humores que o ato precedem.

Não devia ter lido, estes versos tão fortes,

Parecem com um filme, daqueles sem cortes,

Proibidos de estar na sessão da tarde.

É possível que a medicina esteja errada,

Que as tais emoções não me provoquem nada,

E até me distanciem de dona Morte.

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Para maior comodidade, transcrevo o poema supracitado.

Voragem do Instinto

Do lábio o beijo cai num labirinto,

E se perde entre a língua e o céu da boca,

Depressa então a alma fica louca,

Perdida na voragem do instinto.

Toda a saliva vira absinto,

A voz quase calada fica rouca,

A língua muito mais se faz amouca,

Cada qual do seu jeito indistinto.

Perdida a boca, agora vem o corpo,

Que se contorce meio fito louco,

Na ânsia de buscar nova paixão.

Então nos calafrios e tremores,

Pelos suores quentes dos humores,

Dois corpos juntos numa convulsão.

Fernando cunha lima

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 23/08/2019
Reeditado em 24/08/2019
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