A POESIA NÃO TEM PORQUÊ (Parafraseando Angelus Silesius – 1624/1677 -: “A rosa não tem porquê”.)

A poesia não tem porquê. Veio junto

com a vida e permanece nela entranhada

e pairando mais acima, até que, sem assunto,

um poeta acha a ponta de sua meada.

A poesia não quer se mostrar inteira.

Não é secreta, mas se resguarda em discrição.

Exala um perfume sentido, na primeira

inspiração, por quem cheira com o coração,

como faz o poeta. Ele pede licença

e pergunta: aonde a vida acontece? Cadê?

Tendo uma resposta, mitiga a diferença

que há entre a poesia da vida que se vê

e a que, pairando acima, perfeição dispensa.

Só não faz a pergunta proibida: por que?

Silva Edimar
Enviado por Silva Edimar em 19/08/2019
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