EU HEI-DE SER ALGUÉM NA VIDA
Eu hei-de ser também alguém na vida,
Mesmo a sério que ninguém me queira,
Eu hei-de ser um’alma muito sentida,
Em qualquer lugar da vida me cheira.
Eu hei-de ser uma janela qu’rida,
Dentro dum barco logo à primeira,
Co’ uma vela de cambraia florida,
Num caixilho de safira na dianteira.
Eu hei-de ser a floresta de cristal,
Aquela floresta que não faz mal,
Eu hei-de ser um belo barco à vela.
Eu hei-de ser então um rubi, é,
Sim! Uma pérola cara com fé,
Escarlate, hei-de ser a janela.
LUÍS COSTA
Lamego, 05/08/2005
Quinta de Calvilhe