OS SALTEADORES DA POESIA PERDIDA
“Aos poetas desinseridos” (*)
Vós, ó salteadores da Poesia perdida –
Que não sabeis, por certo, o dia d´amanhã
Nem respeitais o signo da sonhada vida –
Travai a vossa concupiscência vilã…
Todo o mundo, nas suas Artes, mal está
E as poesias inocentes sentem-se despidas
Daquela crença que o dia d´ hoje não dá
Pela triste razão das trevas consentidas.
Tirai a máscara e desnudai o vosso rosto
Olhando bem de frente os filhos da orfandade,
Cujo sonho vós desprezais em contragosto
E que acarinham os seus versos em liberdade.
Eles debitam seus poemas, desinseridos
Daquela aura ondulatória provocadora,
Que vós outros possuís e da qual sois servidos,
Enchendo escaparates mortos a toda a hora…
Como cordeiros, eles são poetas emocionais…
Vós sois poetas? Ah, não! Eis aqui a razão
P´ la qual, na condição de serdes marginais,
Jamais conseguireis assaltar sua paixão!
Frassino Machado
In AS MINHAS ANDANÇAS
(*) Dedicado ao «mestre poeta» Joaquim Moncks