Soneto da palavra que se desgasta
Na língua do dia a dia,
Perde a palavra o sentido.
Assim, no sempre repetido,
Perde-se encanto, magia.
Feliz não diz da alegria,
Sofrer não diz do sofrido;
Dor não diz do dolorido,
Santa não diz de Maria.
Há poesia nesta vida,
Para a vida reinventar:
Fazer do trabalho lida,
Do chão, a melhor comida,
Da luta, o bom labutar,
Da dor, a grande ferida...