SONETO AO TEMPO (Perdido)
Agenda aberta repleta de compromisso
Perguntava-me o que tenho a ver com isso
A vontade era de tomar “chá de sumiço”
Ajeitava no espelho meu sorriso postiço
Mapa astral mostrava caminho cheio de trapaças
Miragens de jardins sem cor corroído de traças
Ao redor olhares sofridos de tantas desgraças
Pelas pedras carcarás a espera de carcaças
Fartei-me de correr a procura de um açude
Esperança infinita... Talvez minha sorte mude
Lá na linha do horizonte... viver fosse menos rude
Rasguei ao lixo a página inútil do calendário
Joguei pela janela o poderoso senhor do horário
Lancei-me ao vento ignorando o tempo... cruel calvário