RENASCER DA ESCURIDÃO
(Escrito em interação ao poema MISSIONÁRIO,
do Poeta Carioca)
O narcisismo talvez não saiba o que diz.
A missão que te propõe é quase impossível,
Fazer da água vinho, algo deste nível,
Mas podes tentar, se isto te faz feliz.
Tornar em belo o feio, que bela missão.
E ainda melhor, se é que melhor existe,
Ver transformado em alegre o que era triste,
Só traz felicidade a um coração.
Seria como renascer da escuridão
E a tudo observar por uma nova lente
Que visse beleza por trás da podridão;
Visse a lágrima triste, ao cair no chão,
Num instante vaporizar no barro quente,
E o seu vapor levando a dor do penitente.
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Para sua comodidade, transcrevo o soneto citado em epígrafe.
O MISSIONÁRIO
É como se envolvido num batismo
Saído do banho plácido das águas,
Compreendi que, molhado pelas mágoas,
Sou como Augusto, sem proselitismo!
Foi como se , no espelho o narcisismo
Olhando-me bradou num véu de luz:
- Ó poeta do futuro! Leve a cruz
Nos versos que dirás, sem pragmatismo,
Nos ângulos dos dedos sem ventura
O mundo que verás numa amargura,
Servindo-te em requinte sal de prova,
Conceda a cor à suja sepultura,
Transforme a dor em mar de formosura,
Em vez de lágrimas ... e volte à cova!
Poeta Carioca