O ALPISTE E AS RATAZANAS

E quando a gente duma terra fica triste,

assim de triste, triste, triste de apagar

o sol dalgum sentido, alguma luz que existe,

se arrasta ao solo seco dalma seca de ar.

E nalma seca de ar retumba o nada em riste,

langor deserto afoga o tino em plúmbeo mar

e a gente de repente é bando bobo a voar

colhendo ao chão migalha resto cisco alpiste.

Ah, quando a gente duma terra perde o senso

e extirpa a simples chance dum pensar infenso

se esfrega cega nas sevícias mais sacanas.

É deflorada a história dessa gente burra

que em fila aguarda a vez de seu estupro, a curra

e entrega a terra ao mando de almas ratazanas.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 01/08/2019
Reeditado em 01/08/2019
Código do texto: T6709930
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