ANTIGO ARBUSTO

Estou o que era um arbusto ardente,

que de repente perdeu folhagem,

perdeu os galhos e finalmente,

raiz rompida, feriu paisagem.

Agora, um tronco indefeso, solto,

caído à terra, a mercê do acaso,

em bruta e rija matéria envolto,

sofrendo noite, de aurora a ocaso.

Sem chão, sem luz e sustento, vida,

uma existência afinal banida

após as tantas borrascas, só.

O antigo arbusto que espera apenas

o fim de quando se cumpre as penas:

secar até desfazer-se em pó.

Marco Aurelio Vieira
Enviado por Marco Aurelio Vieira em 22/07/2019
Código do texto: T6701977
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