ANTIGO ARBUSTO
Estou o que era um arbusto ardente,
que de repente perdeu folhagem,
perdeu os galhos e finalmente,
raiz rompida, feriu paisagem.
Agora, um tronco indefeso, solto,
caído à terra, a mercê do acaso,
em bruta e rija matéria envolto,
sofrendo noite, de aurora a ocaso.
Sem chão, sem luz e sustento, vida,
uma existência afinal banida
após as tantas borrascas, só.
O antigo arbusto que espera apenas
o fim de quando se cumpre as penas:
secar até desfazer-se em pó.