o relógio
há um frio pelos ossos como se a noite
fosse interminável. purifica-nos, oh tempo
que os desejos escondem um vazio imenso
que cresce cada vez mais e mais, enfim.
o relógio conta nossos últimos segundos
mas nem percebemos. aquele ponteiro
girando leva nossas oportunidades, e
palavras, e pensamentos, leva-nos ao fim.
consome as possibilidades de sucesso e quase
sem sentirmos, só quando já é muito
tarde. o amanhã sempre nos pareceu tão
distante, agora está aí batendo na porta
e nos defrontamos com o instante final
sem saber que a esperança já estava morta.