INTRUSO
Então mumificado à resina de cedro,
sombrio eu faraônico espectro, contemplo
passagens espirais do passado, meu templo,
enquanto lentamente abatido me empedro.
Verdades abismais adormentam-me a fibra,
apagam-me os sinais vacilantes de brilho,
arrojam-se na treva inundando meu trilho
e envolvem o amanhã num silêncio que vibra.
E eu antes plenitude apurado em abuso,
aspecto soberano a moldar minha obra,
me encontro condenado ao sepulcro de sal...
dum ente doentio afogado no mal,
de todo sabedor que da vida é uma sobra,
apêndice, tentáculo inútil, intruso.