SONETO

Escondi por muito tempo os meus versos
Esperando que fossem descobertos
Um dia, sem história e submersos,
No caos sombrio de sonhos introvertos.

Mas aprendi, assim não deve ser,
Quando fui lido por um jovem esteta
Que pode nesses versos compreender
A dor d'alma sofrida de um poeta.

Poeta, muitas vezes, fingidor
Como na imagem etérea de Pessoa,
Não deixando jamais ao seu leitor

Divisar todas verdades da loa,
Sempre ocultando igarapés de dor
No rio onde navega a sua canoa.