A IMAGEM NO ESPELHO
Como aceitar se não sou mais como era antes?
Onde estão meus negros cabelos, onde estão?
E aquela pele macia, qual algodão,
Que mesmo um leve toque enlouquecia amantes?
De minha boca só resmungos ofegantes,
Inconformado com a vida em solidão.
Pra conversar só o velho espelho, sempre à mão,
É quem suporta em silêncio meus rompantes.
Quem aceitaria um velho encarquilhado,
Nem mesmo a sombra do que era no passado,
E o triste rosto que o espelho me devolve?
Imagem que ao vê-la sou levado ao pranto,
Por sentir no peito tamanho desencanto,
Que até bendigo a lágrima que a dissolve.