AMIGO ESPELHO (reeditado)
A face encardida, os olhos vermelhos
Que tu me devolves toda manhã,
Como eu tivesse uma febre terçã
Que sempre que vem nos põe de joelhos.
Teu mister é penoso, amigo espelho,
Sempre a portar-se qual gentleman.
Sei que é louvável este teu afã,
O teu cuidado em me dar conselho,
Quando me dizes na tua linguagem
Que tenho que aceitar com coragem
Os estragos que o tempo faz em mim.
Espelho, espelho meu, velho amigo,
Perfeito companheiro de viagem,
Um dia ainda hei de concordar contigo.