ENQUANTO A UVA PASSA ...
Enquanto observo a uva passa,
Com sua casca sempre enrugada,
Lembro da minha face engelhada,
Verdade que o espelho não disfarça.
Na passa, isso não muda a sua essência,
Não tendo a beleza de uma rosa,
A passa, mesmo feia é saborosa,
Quem degusta não julga a aparência.
Nós, não recebemos tal indulgência,
Quanto mais com ela coincidência,
Mais distante de nós um bem-querer.
Porque acaba aqui a semelhança,
Comigo ninguém pode encher a pança,
Por mais ‘gostoso’ que pareça ser.