Soneto Infernal
Sete degraus à baixo
Chego ao meu escuro porão
Tropeço num cadáver frio
Caio sobre uma poça de sangue no chão
— Jesus!
Olhos cintilantes me fitam
Muitos ratos tenho aqui
Proferi o nome que os irritam
— Preciso sair daqui!
A escada se recolhe para cima
Estou preso neste maldito lugar
Uma silhueta se mostra rindo
O Diabo vem me pegar
— Não temas o teu escuro
— Não venhas tu me tentar
— Sou teu eu mais obscuro
— Diga-me eu o que quer falar?
Conversei com o Diabo
Este é como um professor
Me ensinou sobre o seu rabo
E seu tridente opositor
Deu-me à sua luz negra
Que revela mais do que a escuridão
E o medo dela desintegra
Emancipa a alma e confere abolição.