Risália

Quão belos e românticos estes versos do soneto Risália, do poeta mineiro Belmiro Braga, um dos fundadores da Academia Mineira de Letras!

Reparem o ritmo, a musicalidade, a beleza melódica destes quatorze versos, que mais parecem uma canção romântica. Belmiro Braga conhecia os segredos do ofício de escrever. É um autor refinado, que enriquece as páginas da literatura brasileira.

(Por Onofre Ferreira do Prado)

Se ouvires, a sonhar, uns vãos rumores,

Não são as aves festejando o dia:

- São os últimos gritos que te envia

Meu triste coração, morto de amores...

Se sentires uns tépidos olores,

Não penses que é o rosal que te inebria:

- É a minha alma nas ânsias da agonia

Que, só por te beijar, se muda em flores...

Se vires baloiçar as níveas gazas

Do dossel de teu leito, não te afoites,

Nem te assustes, querida! São meus zelos

Que vão, de leve, sacudindo as asas,

Carinhosos, beijar, todas as noites,

Teus olhos, tua fronte e teus cabelos...

Belmiro Braga
Enviado por Onofre Ferreira do Prado em 01/07/2019
Reeditado em 23/02/2021
Código do texto: T6685674
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