Risália
Quão belos e românticos estes versos do soneto Risália, do poeta mineiro Belmiro Braga, um dos fundadores da Academia Mineira de Letras!
Reparem o ritmo, a musicalidade, a beleza melódica destes quatorze versos, que mais parecem uma canção romântica. Belmiro Braga conhecia os segredos do ofício de escrever. É um autor refinado, que enriquece as páginas da literatura brasileira.
(Por Onofre Ferreira do Prado)
Se ouvires, a sonhar, uns vãos rumores,
Não são as aves festejando o dia:
- São os últimos gritos que te envia
Meu triste coração, morto de amores...
Se sentires uns tépidos olores,
Não penses que é o rosal que te inebria:
- É a minha alma nas ânsias da agonia
Que, só por te beijar, se muda em flores...
Se vires baloiçar as níveas gazas
Do dossel de teu leito, não te afoites,
Nem te assustes, querida! São meus zelos
Que vão, de leve, sacudindo as asas,
Carinhosos, beijar, todas as noites,
Teus olhos, tua fronte e teus cabelos...