Teu retrato

“Em frente do meu leito, em negro quadro,

A minha amante dorme. […]

Oh! Quantas vezes, ideal mimoso,

Não encheste minh’alma de ventura

Quando, louco, sedento e arquejante,

Meus tristes lábios imprimi ardentes

No poento vidro que te guarda o sono!”

(ÁLVARES DE AZEVEDO)

Se todos os parcos bens que hei acumulado

Me fossem tomados, não os lamentaria

Se o único que, por dó, me restaria

Fosse teu retrato, em meu quarto pendurado.

Estás sempre tão fielmente a meu lado,

Ó Anastasia! Teu semblante é que me guia

Pelas trevas de minha vida, noite e dia,

Pois és meu anjo guardião tão adorado!

Quantas vezes, com a angústia a me roer,

Não o levei aos lábios para o beijar

Reverentemente, convulso a tremer!

Quem me dera ser capaz de arrebentar

O vítreo invólucro a te proteger,

E de amores em teu seio suspirar!

Galaktion Eshmakishvili
Enviado por Galaktion Eshmakishvili em 25/06/2019
Reeditado em 09/07/2019
Código do texto: T6681524
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