Arvores desnudas - soneto

As arvores estão desnudas, sem suas vestimentas.

As únicas que restaram diante dos meus olhos

Estão rotas e todas corroídas pelas intempéries

Do tempo que as desgastam, a cada momento.

Como se fossem um formal, vidas e aparelhos.

Transformando-os em arcabouços vulneráveis

Sem a serventia imprescindível a desempenhar

Sua validade consumida pelas estações incertas.

Galhos ressequidos formam caricatos cogentes

A vislumbrar olhares atentos ao quadro presente

Que somente a sabia natureza sabe encaixilhar

A um gráfico virtuoso e embelezado em poesias

Folheadas de inspiração e naturalidade aos renovos

De cada visão de outrem em seu engenho criado.