SONETO

Soneto! Mal de ti falem perversos

que eu te amo e te ergo no ar como uma taça.

Canta dentro de ti a ave da graça

na gaiola dos teus quatorze versos.

Quantos sonhos de amor jazem imersos

em ti que és dor, temor, glória e desgraça?

Foste a expressão sentimental da raça

de um povo que viveu fazendo versos.

Teu lirismo é a nostálgica tristeza

dessa saudade atávica e fagueira

que no fundo da raça nos verteu

a primeira guitarra portuguesa

gemendo numa praia brasileira

naquela noite em que o Brasil nasceu...

Menotti Del Picchia
Enviado por Miguel Toledo em 12/06/2019
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