SONETO DOS OLHOS NEGROS
Ninguém s’importa c’os meus olhos negros
Poucos sabem quanto amor carrego neles
Muitos só percebem esses olhos trigueiros
quando marejam por algum pranto deles.
São faróis esses dois negros olhos
Tem vida esses meus olhos negros
Externam da minh’alma os refolhos
Se deles saem lágrimas a cântaros.
E porque choram meus olhos negros?
É que eles veem a quem eu quero ver
Iluminam demais o meu bem querer.
E penso que até com lágrimas reles,
Posso escondê-la de outros quereles
Com a mirada dos meus olhos negros.