COTIDIANO
Diga onde escondes tua poesia.
No corpo cansado que o sol desperta?
Nos rituais do pão de cada dia?
No ônibus lotado em que te apertas?
Onde, por Deus onde, cala a agonia?
Que me faz caminhar ruas desertas,
cultivando a flor da melancolia
no jardim de rosas mudas. Incertas.
Onde, teus poemas, posso lê-los?
Desvendar-te sonhos e pesadelos,
na métrica da vida, as sobrecargas...
Sigo tatuada à tua sombra,
assoalho coberto pela alfombra,
que você cospe, pisa, mas não larga.