COTIDIANO

Diga onde escondes tua poesia.

No corpo cansado que o sol desperta?

Nos rituais do pão de cada dia?

No ônibus lotado em que te apertas?

Onde, por Deus onde, cala a agonia?

Que me faz caminhar ruas desertas,

cultivando a flor da melancolia

no jardim de rosas mudas. Incertas.

Onde, teus poemas, posso lê-los?

Desvendar-te sonhos e pesadelos,

na métrica da vida, as sobrecargas...

Sigo tatuada à tua sombra,

assoalho coberto pela alfombra,

que você cospe, pisa, mas não larga.

Fonseca da Rocha
Enviado por Fonseca da Rocha em 06/06/2019
Reeditado em 11/10/2019
Código do texto: T6666518
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