SÉCULOS DE SÊCA
OBS: minha infância foi marcada por 3 poemas inesquecíveis: o sobre o mar e Deus, de Castro Alves, o impressionante "ISMÁLIA" e essa singela "pintura" da menina que vai à fonte com um cântaro à cabeça, de 1881, de Bernardino Lopes. Êles fizeram de mim o poeta que hoje sou ! (NATOAZEVEDO)
SÉCULOS DE SÊCA
I
Jovem vai a antiga fonte
com sua bilha à cabeça...
o sol queima, no horizonte,
embora mal amanheça.
I I
Traz franzida a nua fronte...
tanta coisa a aborreça
sem que a Esperança desponte
e a água, enfim, apareça.
I I I
Vendo a cacimba vazia
em meio a tal carestia,
ela senta e muito chora.
I V
As lágrimas -- escorrendo --
vão ao velho poço enchendo...
está quase cheio, agora !
"NATO" AZEVEDO
(2/junho 2019, 11hs)