SONETO EPIGRAMA
“A um amigo que já deitava poesia pelos olhos”
Tão alta e densa vai a metediça poesia
Que ela própria já não distingue os seus escolhos
Por isso não se estranhe a desconfortável azia
De um certo amigo que já a deitava pelos olhos.
A metediça poesia pressupõe a harmonia,
Mesmo que ela cirande por aí aos molhos,
Mas, porventura, corre o risco da demasia
Podendo, aqui e além, gerar alguns antolhos…
O POETA – que ao ser denunciado por exageros –
Limitou-se a reagir com natural estranheza:
- “Ninguém deve ter medo de haver Poesia a mais,
Antes, pelo contrário, tenhamos exasperos
De todos os que a menosprezam com frieza
Ou, pior ainda, a calcam aos pés com´ animais”…
Tirem-se as ilações que poderão vir à mente
Mas… uma delas permanecerá certamente:
Há que mondar a escória co´ a maior nobreza!
Frassino Machado
In ODIRONIAS