Remessa

Eis que o poema cai na alma agora

Como esta noite cai no firmamento

e os orvalhos que permeiam meu sono

São como o sereno no meu pensamento

Estações vão passando, migram as aves

Reboam os passarinhos nas árvores

Nem fazem mais os seus ninhos aqui

Já não me canta aquele Bem-te-vi

Sei que tudo passa por razões diversas

A não ser algum amor sem remessa

Que conta por todos os dias passar!

Noutra manhã me virá a Sabiá

Sim, na queda da noite sumirá

Q'eu esqueça a beleza em seu cantar!