ATEMPORAL
ATEMPORAL
Ela vem, entre murtas e roseiras,
N'uma tarde soalheira em pleno maio,
A surpreender o sol em seu desmaio
E haver-se algumas horas prazenteiras.
Têm graças feminis suas maneiras,
Quando olha, sobranceira ou de soslaio,
Depois d'outro aguaceiro o verde gaio
Luzir desde as vertentes às ribeiras.
Em sua palma pousa a borboleta,
Como se lhe fosse pétala tal pele,
Cuja fragrância toma por violeta.
Embora a pequenina se desvele,
Permite que o sublime lhe acometa
E Beleza ela mesma se revele.
Betim - 19 05 2019